quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O PODER DAS PALAVRAS





O jargão ainda é larga e futilmente usado por muitos: “As palavras têm poder”.

Menos sabido é de que forma esse aforismo adquire seu estatuto de realidade. Efetivamente, as palavras só têm seu poder quando ditas sob circunstâncias específicas, ou seja, o que lhes confere poder é o “como” são ditas.

Assim, já há muito tempo, as ciências que se dedicam ao estudo dos fenômenos psíquicos advertem as pessoas quanto ao efeito contrário da palavra “Não” na comunicação humana. Em outros termos, a mente humana, via de regra, transforma todo “não” em “sim”!... Verdade seja dita que o processo consiste simplesmente em apagar essa palavra negativa do registro verbal.

De tal forma que, a mãe (ou pai) que diz ao filho pequeno (ou grande) “Não quero vê-lo experimentando drogas, wsejam lícitas ou ilícitas”, terá sua frase assimilada e memorizada sem o crucial registro da primeira palavra (“Não”).

Não é uma questão de baixa acuidade auditiva nem de comprometimento cognitivo do infante, mas antes de um efeito característico da linguagem no psiquismo humano. As palavras negativas, quando sintetizadas no inconsciente, são por ele completamente subvertidas. Daí, que se constata que o inconsciente não reconhece (não lê e não registra) palavras como “não”, “nunca”,”jamais”... e afins.

É provável que o entendimento popular tenha criado o ditado “tudo que é proibido é mais prazeroso” em consequência dessa observação, balizado no resultado, mas não na causa do evento.

Dito isso, o indivíduo que diz ao amigo “Não quis prejudicá-lo!” corre sério risco de receber em troca um desafeto ainda maior; até porque quem diz tais palavras acabou causando um prejuízo ao amigo, confessando-o prontamente e agravando a situação por ser traduzida pelo amigo (ainda que em nível inconsciente) de forma afirmativa.

A essa altura, alguém poderia levantar a questão “Então, como se deve expressar tal mensagem?”. Ora, uma boa alternativa seria, por exemplo, “Minha intenção era poder ajudá-lo!”

Seguindo ao atendimento dessa primeira curiosidade, como seria formulada adequadamente a frase mais acima que revela uma mãe (ou pai) zeloso com a educação e segurança do filho? (“Não quero vê-lo experimentando drogas, sejam lícitas ou ilícitas”), Uma boa versão pode ser “Quero vê-lo sempre resistindo à tentação de experimentar drogas, sejam lícitas ou ilícitas”.

Exemplos dados, fica evidente que o poder das palavras se concentra em como usá-las na obtenção de um objetivo específico. Outrossim, o domínio dessa questão (o como usar as palavras) não se resume à subtração de formas negativas.

Quem nunca se sentiu contrariado com um interlocutor qualquer que, ao falar, não o olhava nos olhos, e, dessa forma, tornou suas palavras inócuas, sem poder algum. Com isso, reafirma-se o que instintivamente todos percebem, ou seja, o poder das palavras também está no olhar de quem fala dirigido a quem fala.

E finalmente, o poder das palavras depende da afinidade entre seu significado e a carga emocional do interlocutor. Dessa forma, dizer “Não me ofenda!”, em um tom de ternura, terá o efeito de esvaziar as referidas palavras de seu poder. Assim como dizer “Eu ainda te amo!” em uma atmosfera de cinismo, também desinvestirá tais palavras de seu poder.

Enfim… sim, as palavras têm poder… dependendo de como são elaboradas!

O jargão ainda é larga e futilmente usado por muitos: “As palavras têm poder”.

Menos sabido é de que forma esse aforismo adquire seu estatuto de realidade. Efetivamente, as palavras só têm seu poder quando ditas sob circunstâncias específicas, ou seja, o que lhes confere poder é o “como” são ditas.

Assim, já há muito tempo, as ciências que se dedicam ao estudo dos fenômenos psíquicos advertem as pessoas quanto ao efeito contrário da palavra “Não” na comunicação humana. Em outros termos, a mente humana, via de regra, transforma todo “não” em “sim”!... Verdade seja dita que o processo consiste simplesmente em apagar essa palavra negativa do registro verbal.

De tal forma que, a mãe (ou pai) que diz ao filho pequeno (ou grande) “Não quero vê-lo experimentando drogas, sejam lícitas ou ilícitas”, terá sua frase assimilada e memorizada sem o crucial registro da primeira palavra (“Não”).

Não é uma questão de baixa acuidade auditiva nem de comprometimento cognitivo do infante, mas antes de um efeito característico da linguagem no psiquismo humano. As palavras negativas, quando sintetizadas no inconsciente, são por ele completamente subvertidas. Daí, que se constata que o inconsciente não reconhece (não lê e não registra) palavras como “não”, “nunca”,”jamais”... e afins.

É provável que o entendimento popular tenha criado o ditado “tudo que é proibido é mais prazeroso” em consequência dessa observação, balizado no resultado, mas não na causa do evento.

Dito isso, o indivíduo que diz ao amigo “Não quis prejudicá-lo!” corre sério risco de receber em troca um desafeto ainda maior; até porque quem diz tais palavras acabou causando um prejuízo ao amigo, confessando-o prontamente e agravando a situação por ser traduzida pelo amigo (ainda que em nível inconsciente) de forma afirmativa.

A essa altura, alguém poderia levantar a questão “Então, como se deve expressar tal mensagem?”. Ora, uma boa alternativa seria, por exemplo, “Minha intenção era poder ajudá-lo!”

Seguindo ao atendimento dessa primeira curiosidade, como seria formulada adequadamente a frase mais acima que revela uma mãe (ou pai) zeloso com a educação e segurança do filho? (“Não quero vê-lo experimentando drogas, sejam lícitas ou ilícitas”), Uma boa versão pode ser “Quero vê-lo sempre resistindo à tentação de experimentar drogas, sejam lícitas ou ilícitas”.

Exemplos dados, fica evidente que o poder das palavras se concentra em como usá-las na obtenção de um objetivo específico. Outrossim, o domínio dessa questão (o como usar as palavras) não se resume à subtração de formas negativas.

Quem nunca se sentiu contrariado com um interlocutor qualquer que, ao falar, não o olhava nos olhos, e, dessa forma, tornou suas palavras inócuas, sem poder algum. Com isso, reafirma-se o que instintivamente todos percebem, ou seja, o poder das palavras também está no olhar de quem fala dirigido a quem fala.

E finalmente, o poder das palavras depende da afinidade entre seu significado e a carga emocional do interlocutor. Dessa forma, dizer “Não me ofenda!”, em um tom de ternura, terá o efeito de esvaziar as referidas palavras de seu poder. Assim como dizer “Eu ainda te amo!” em uma atmosfera de cinismo, também desinvestirá tais palavras de seu poder.

Enfim… sim, as palavras têm poder… dependendo de como são elaboradas!


                         Maurício Palmeira


********************************

domingo, 6 de dezembro de 2020

SOBRE A VERGONHA

 


“ A vergonha é um sentimento que causa angústia ao envergonhado sempre que ele se encontra com outras pessoas.

Isso porque ele valoriza essas pessoas, mesmo sendo estranhas, e mais ainda porque ele não se valoriza tanto quanto a elas.

O desafio da análise é descobrir o que o envergonhado vê de superior no(s) outro(s) , de quem ele se recorda? Ou melhor... o(s) outro(s) representa(m) alguém que só está acessível no seu inconsciente, e a análise deve trazer essa representação (o outro original) que lhe causou o sofrimento original que se repete em cada pessoa com quem ele se depara.

Ou isso... ou atacando em outra direção (e só há essas duas), descobrir qual experiência de vida, mais provavelmente também inacessível à consciência, mas ativa no inconsciente, causou pela primeira vez essa angústia original de inferioridade que agora se repete indefinidamente, configurando o retorno do reprimido e a causa de seu sofrimento.

 

(Um dito a favor do envergonhado: “prefiro uma pessoa com vergonha a uma pessoa sem-vegonha”!)

 

 (Maurício Palmeira

********************

SOBRE O PRIVILÉGIO DA PROFISSÃO PSICANALÍTICA

 

     O profissional da Psicologia Profunda goza de um privilégio ímpar ao ser acolhido pelo analisando em sua intimidade mais restrita. É concedido a ele o acesso a todos os segredos daquele que o procura.

     Algo semelhante  ̶  ocasião em que alguém abre seu coração e sua alma  ̶  só acontece quando duas pessoas se veem reciprocamente apaixonadas.

     Eis por que o analista se percebe em uma posição de poder; há uma entrega incondicional daquele que se põe a ocupar o divã, e, nesse gesto, de forma implícita, o analisando está dizendo ao psicanalista: “Eu acredito em suas habilidades superiores de cura analítica!”

     Cabe ao psicanalista, por uma questão de decência, ter sempre em mente o mesmo autoconceito; em respeito ao paciente, repeti-lo para si mesmo: “Eu acredito em minhas habilidades superiores de cura analítica!”


                               (Maurício Palmeira)

 

*********************************

sábado, 21 de novembro de 2020

POEMA SOBRE OS FILHOS (KHALIL GIBRAN)

 


Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não de vós.

E embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã,

Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força

Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.

Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:

Pois assim como ele ama a flecha que voa,

Ama também o arco que permanece estável.

 

(Gibran Khalil Gibran)

sábado, 18 de julho de 2020

SOU ONDE NÃO PENSO!

Versiculos - Página 3098 de 3152 - O Tempo está Próximo!

"O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo."


                             (Sigmund Freud)  


******************************************

SOBRE O TRATAMENTO PSICANALÍTICO

"Todo tratamento psicanalítico é uma 

tentativa para libertar o amor recalcado."


                    (Sigmund Freud)

O PODER DAS PALAVRAS

O jargão ainda é larga e futilmente usado por muitos: “As palavras têm poder”. Menos sabido é de que forma esse aforismo adquire seu estatut...